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Ataques de Bolsonaro à imprensa são só parte de seu projeto autoritário.*

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A democracia está sob forte ataque, vindo de uma instância que jurou e deveria defendê-la. É preciso deter esse processo, antes que seja tarde demais.

(Buenos Aires - Argentina, 06/06/2019) Presidente da República, Jair Bolsonaro fala com a imprensa ao chegar ao Alvear Palace Hotel.nFoto: Marcos Corrêa/PR

(Buenos Aires – Argentina, 06/06/2019) Presidente da República, Jair Bolsonaro fala com a imprensa ao chegar ao Alvear Palace Hotel.nFoto: Marcos Corrêa/PR

A escalada autoritária do governo Bolsonaro parece não ter fim. A estratégia de permanente ataque aos valores democráticos teve um novo lance no último domingo, com as revoltantes agressões a jornalistas durante a passagem do presidente pelo sul da Bahia.

Bolsonaro e sua milícia pessoal, travestida de equipe de segurança, são useiros e vezeiros nesse tipo de coerção. Sempre que o atual ocupante do Planalto se vê incomodado pelo trabalho dos repórteres, parte logo para a brutalidade, com palavras de intimidação ou atos de violência física perpetrados por seus jagunços, seja no cercadinho do Palácio da Alvorada, em manifestações de rua ou por meio das redes sociais.

Engana-se, porém, quem vê tais atitudes como atos isolados. Um empurrão não é só um empurrão, nem sequer é o mais importante, embora lamentável. As agressões à imprensa devem ser entendidas num contexto maior, de uma política mais ampla de cerceamento, que visa a corroer os pilares da democracia no Brasil.

Desde muito antes de sua posse no Planalto, o presidente já era um conhecido defensor da ditadura militar, da tortura, da censura à liberdade de expressão em todas as suas formas. No exercício do cargo, para surpresa de ninguém, deu prosseguimento à sua profissão de fé no autoritarismo, incitando seus apoiadores contra qualquer pessoa ou ideia que tente se opor a esse projeto antidemocrático.

Bolsonaro defende o golpe militar de 64 e tudo de mais nefasto que ele representou. No último 7 de Setembro, Bolsonaro convocou um golpe, felizmente sem êxito. Bolsonaro tenta intimidar as minorias e cercear quaisquer formas de pensamento que se diferenciem de seu projeto autoritário, como se fossem coisa de comunista. Bolsonaro quer varrer do mapa seus adversários. As agressões à imprensa são só uma face do projeto – cujo propósito último, sabemos todos, é instalar um regime fascista no Brasil.

A democracia brasileira está sob forte ataque, vindo de uma instância que jurou e deveria defendê-la. É preciso deter esse processo, antes que seja tarde demais.

*Artigo publicado no Brasil 247 em 16 de dezembro de 2021.

 

 

 

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