Autor de quatro livros que contribuem para o enriquecimento e a promoção da cultura, o escritor, cantor e compositor residente em Niterói, Luís Capucho, é homenageado pelo mandato do vereador Leonardo Giordano

Na próxima sexta-feira, 05 de maio, às 18h, o mandato do vereador Leonardo Giordano (PCdoB) fará a entrega da Medalha Escritor José Cândido de Carvalho ao escritor, cantor e compositor residente em Niterói, Luís Capucho. A medalha é destinada a quem contribui para o enriquecimento e a promoção da cultura em suas diversas frentes. A importância da vida literária de Capucho é relevante na luta por identidade e direitos LGBT. Graduado em Letras pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com pós-graduação em Leitura e Produção de Textos, Capucho publicou seu primeiro romance ‘Cinema Orly’ em 1999, pelo qual ganhou o prêmio Arco Íris dos Direitos Humanos na categoria Literatura. Tem mais três obras publicadas: ‘Rato’, ‘Mamãe me adora’ e o mais recente ´Diário da Piscina’.

O evento, que acontece no Salão Nobre da Câmara Municipal de Niterói (2ºandar), contará com apresentação de músicas autorais de Capucho, além de sessão de autógrafos de seu quarto livro, “Diário da Piscina”.

Mais sobre vida e obra do artista
Luís Capucho estreou como cantor em 1996, no CD coletivo “Ovo”, com a canção “O amor é sacanagem”. No mesmo ano entrou em coma devido a uma neuro toxoplasmose, que deixaria sequelas com as quais teria que conviver. As limitações motoras e os problemas de voz decorrentes, acabaram por marcar uma mudança em sua carreira. Em primeiro lugar, criaram uma magnífica densidade existencial. Quanto à voz, é o próprio Capucho quem observa, em um de seus livros:

“Minha voz é muito estranha, por causa da minha incoordenação motora. Tenho dificuldade para pronunciar os fonemas e a força que preciso fazer para dizê-los, incham-me as veias do pescoço. Também para que elas saiam é necessária muita concentração e, desse modo, as palavras ficam lentas, explicadas, com a pronúncia exagerada pelo esforço em dizê-las. E embora saiam explodidas, altas, roucas e arranhadas, são sempre minuciosas em sua pronúncia.”

A voz de capucho casa-se exemplarmente com sua música, como se não houvesse sequer separação entre elas. Pode-se pensar em roucos, como Tom Waits ou Leonard Cohen. Penso em Nelson Cavaquinho, na sua aspereza pungente, que como em Capucho, faz inseparáveis canto, composição, instrumento, palavra e vida.
Suas composições já foram interpretadas por Cássia Eller e Pedro Luís e a Parede e tem entre seus maiores sucessos o disco ‘Lua Singela’.

O Diário da Piscina
O Diário da Piscina revela o funcionamento cotidiano de suas aulas de natação para recuperação de sequelas motoras ocasionadas por neuro toxoplasmose adquirida por HIV. Os registros diários vão de julho do ano 2000 a abril de 2001. Ao irmos no ritmo da leitura, na repetição do cotidiano de quem aprende a nadar, a piscina se transforma em rio, córrego, lagoa, mar e é como se nadássemos juntos, como se reaprendêssemos a nado, o andar, o ler e o escrever. A beleza dos parágrafos são tocados de simplicidade e amor.

Mais que uma estória, “Diário da Piscina” é uma situação, um lugar de trânsito e permanência. Os nomes todos saídos da Roma Antiga. O mote do livro veio de “Era Nova”, uma das músicas de Gilberto Gil: “Falam tanto de uma nova era, quase esquecem do eterno é.” Um livro para sempre e atual!

Capucho que tem sua obra lítero-musical sob a mira de estudantes dos cursos de Letras pelo país, com interesse literário nas questões de gênero e sobre a qual o cineasta Rafael Saar monta seu próximo longa “Peixe”. Também é objeto da peça “Cabeça de Porco” montada por Diêgo Deleon, como trabalho de final do Curso de Direção Teatral da UNIRIO.
Para o lançamento do Diário da Piscina, Capucho se junta a dois músicos paulistas (Vitor Wutzki – violão e Tulio Freitas – viola) , para com esse sotaque musical que é, ao mesmo tempo, um sotaque do Brasil que dizem, agora, profundo, apresentar algumas de suas canções.